sábado, 27 de março de 2010

Comentários à Resenha Crítica da Introdução e Capítulo Primeiro da obra “Os Bestializados” de José Murilo de Carvalho.

Alex Moura,

Aluísio Gomes

Gabrielle Lucena

Não é fácil analisar o trabalho de outras pessoas. Não podemos mensurar, numericamente, o quanto de empenho foi despendido por cada um. O quanto de superação foi alcançado por cada um. A nós, permanecem apenas as impressões, no mais das vezes, imprecisas. Contudo, foi nos outorgado o direito de fazê-lo, então façamos.

O grupo trouxe uma contribuição importante para nós ao disponibilizar material complementar a sua apresentação. Assim, pôde de outra maneira, que não oral, contemplar uma parte curiosa do texto. Leia-se, por exemplo, o jogo do bicho. As idéias da introdução e do primeiro capítulo da obra em referência foram obedecidas de maneira coerente. O texto publicado no blog está coerente e bem apresentado, mas pouco explorado. Sentimos muita descrição do que José Murilo de Carvalho apresentou na obra e não uma ação reflexiva do tema. Vejamos um trecho que na nossa opinião poderia ser melhor aproveitado: “Do ponto de vista econômico, o autor destaca questões como a febre especulativa em torno da moeda, ante a concessão do novo regime para a emissão de dinheiro por parte de vários bancos – onde o lema era o enriquecimento a todo custo; destaca, também, o enorme aumento no custo de vida e a defasagem do aumento salarial.” Este trecho, foi amplamente explanado por uma intervenção da professora no momento da apresentação. O grupo poderia ter antecipado tal análise e/ou tê-la em sua Resenha Crítica. Outra parte que nos chamou a atenção foi esta: “No decorrer do capítulo, José Murilo de Carvalho pondera o papel de intelectuais frente às alternativas de disposição política da Nação; quebras no campo da moral e dos costumes, tão bem representados pelos romances da época, como também pela revista O Tribofe de Artur Azevedo e seus caricatos personagens; a antipatia do setor pobre, especialmente da população negra, ao regime republicano; a perseguição republicana aos capoeiras, aos bicheiros, etc.”. Neste fragmento vemos o caráter expositivo do texto. Não estamos dizendo que não houve questões levantadas pelo grupo, estas existiram – sobretudo na última parte da exposição. Apenas estamos apontando os questionamentos e/ou análise que poderiam ter tido um enfoque maior.

A participação da classe foi mínima, com importantes intervenções da professora Isabel ao longo da apresentação. Tornando esse momento muito rico, pois a troca com os colegas do seminário foi salutar. Pontos como a política econômica do Encilhamento foram essenciais para o entendimento das ações e comentários posteriores. A abordagem para aprofundar a apresentação no tocante à escolha política de tirar do foco político o município do Rio de Janeiro foi muito proveitoso ao mesmo tempo em que se abordou o novo pacto político que se assanhava a vista. Julgamos esse momento o melhor da explanação do grupo com o auxílio da professora. A professora ainda mostrou o sentido político da análise que José Murilo faz da Proclamação da República: a Proclamação da República foi um golpe à Monarquia, para frear as mudanças liberais que ela vinha empreendendo. Ressaltando que José Murilo de Carvalho não usa dessas palavras para asseverar sua opinião.

Na quarta-feira, a apresentação se estendeu pelas duas aulas da semana, foram apontados alguns tópicos que não foram ditos na primeira intervenção e foi feita uma breve conclusão do exposto. Contudo, a pedido da professora, foi feito por nosso grupo uma breve síntese do que havia sido apresentado pelo grupo na aula anterior para que não entrássemos às cegas. Feito isto o grupo concluiu sua apresentação e para finalizar a professora instigou uma ponte entre os temas – o que fora apresentado pelo grupo antecessor e o grupo atual. Foi um momento de grande aprendizagem. Afinal, podemos perceber os nexos e discordâncias entre José Murilo de Carvalho e “as meninas” – Ângela de Castro Gomes e Martha Abreu. Onde, de modo muito acadêmico, as ditas “meninas” – como a professora se referia as autoras – discordavam do grosso da conclusão de José Murilo de Carvalho. Para elas, havia ampla negociação entre a cultura de elite e a cultura popular. Enquanto que, para o autor de “Os bestializados”, essa cultura popular foi severamente reprimida pela Primeira República, obstacularizando sua atuação e sendo apenas aflorada com força e energia pós-Revolução de 1930 e Estado Novo (1937). Para se chegar a essa conclusão vários alunos intervieram dando sua posição frente ao tema.

Por fim, após esta pequena reflexão síntese da apresentação e reflexão sobre a resenha e materiais apresentados pelo grupo neste blog, resta-nos a parte mais difícil de nossa tarefa: mensurar isso em uma nota. Entendemos que o grupo cumpriu satisfatoriamente os critérios de coerência discursiva e objetividade, mostrando de forma precisa o pensamento de José Murilo de Carvalho, também fizeram com um bom uso das normas da ABNT. No entanto, sentimos falta de um posicionamento crítico em relação ao texto e de um debate maior com a historiografia sobre o assunto. Debate este que foi contemplado ao final da apresentação. Com base no que foi dito nos parece justo a nota 8,5.

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