sábado, 8 de maio de 2010

Comentários e avaliação crítica à resenha de O Império do Belo Monte – Vida e Morte de Canudos de Wanice Nogueira Galvão.

Alex Moura
Aluísio Gomes
Ático Soares
Gabrielle Lucena
Ermano Oliveira
Tásso Araújo

Na última semana, o grupo responsável pela discussão sobre a obra de Walnice Nogueira Galvão, O Império do Belo Monte – Vida e Morte de Canudos, postou sua resenha neste blog e apresentou seminário sobre o texto em sala. Dando prosseguimento ao debate, expomos nossa análise acerca dos trabalhos realizados.

Inicialmente, a professora Isabel Guillen introduziu o tema de Canudos ressaltando a importância da história oral nas novas descobertas sobre o assunto e o crescimento da historiografia do movimento a partir de 1996,  influenciado pelo centenário da Guerra de Canudos. Destaca, também, sua discordância a respeito da interpretação do grupo sobre a “loucura” de Antônio Conselheiro presente no texto de Walnice, alertando sobre a dificuldade de entendimento dos fenômenos religiosos em geral. Posteriormente, os alunos esclareceram essa questão.

O texto de Walnice Galvão não é uma obra fácil de ser resenhada. Para entender a raiz do fenômeno Canudos, a autora inicia seu trabalho desde a chegada dos primeiros hominídeos na América, passando pela chegada dos portugueses e o empreendimento bandeirante. O grupo foi muito bem ao sintetizar essa parte do texto na resenha, apesar de ter se alongado um pouco no assunto durante a apresentação.

Nesse momento o grupo procurou elucidar a polêmica sobre a suposta loucura de Conselheiro, destacando que a autora, quando trata do tema, se recorre a João Brígido, jornalista e amigo de infância de Conselheiro, destacando que a idéia de um Conselheiro “louco” não é de Walnice. No entanto, ao ler a resenha, tem-se a impressão imediata de que a idéia é da autora, "A loucura, portanto, já viria da família, e seu veredicto a respeito é que ele se tornou um monomaníaco", diz Walnice (2001, p. 22). O entendimento se tornaria mais fácil se o grupo tivesse sido tão claro na resenha quanto foi na apresentação.

Outro ponto de relevância se deu quando da abordagem do grupo acerca do significado da palavra sertão, remetendo-se ao conceito de Robert Levine, ao mesmo tempo em que se contrapõem e esse conceito embasados na opinião de Walnice sobre o tema. A professora Isabel e outros alunos também deram sua contribuição neste assunto. Essa discussão é particularmente interessante por mostrar o quanto o conceito e o espaço conhecido como sertão foi sendo alterado historicamente.

Na quarta feira ao abordar a questão da religiosidade o grupo cometeu um equívoco ao afirmar que a religião era uma forma daquelas pessoas fugirem da realidade miserável. A professora Isabel reiterou a importância de se olhar à religião não a partir da razão ocidental, mas a partir dos códigos sociais daquelas pessoas. Outros alunos também se envolveram nessa discussão. A conclusão a que se chegou nesse debate é que a religião é algo intrínseco as pessoas, uma forma de dar significado a vida e ao mundo que o cerca.

A seguir foram discutidas as condições políticas que antecederam a formação de Canudos e a organização social do arraial. A resenha falhou em ressaltar algumas figuras centrais na política baiana como o Barão de Jeremoabo e o governador Luiz Viana, destacados pela autora ao longo do livro. Essa falha comprometeu o entendimento sobre a oligarquia baiana da época. A organização social é explicada em parte no texto, mas faltou uma exposição maior e melhor sobre o assentamento da terra. Esse ponto foi explicado em sala pela professora. Por fim, o grupo fez uma boa explanação sobre a guerra, mas ficou a sensação de que as duas aulas não foram suficientes para o grupo apresentar tudo o que desejava.

A equipe conseguiu a façanha de manter a coerência discursiva em um texto escrito a doze mãos, fazendo uma boa resenha do livro sem parecer uma colcha de retalhos (coerência discursiva 2,0 pts). O texto resume bem o trabalho da autora, mas algumas idéias escaparam ou não ficaram completas como a organização social do arraial, as condições políticas baiana e a questão religiosa (objetividade 1,5 pts). Já na parte do posicionamento do grupo os mesmos, fizeram apenas descrever as principais partes do texto não tendo um posicionamento a frente das questões levantadas ainda que o trabalho da autora seja essencialmente narrativo, mas há de se questionar algumas escolhas de Walnice, como por que ela dá tanto peso a opinião de João Brigido ao falar da “loucura” de Conselheiro(posicionamento crítico 1,0 pts). O grupo fez um bom debate com a historiografia da autora, trazendo a luz outras opiniões, ainda que discordemos que Edmundo Moniz tenha uma postura parecida com a de Walnice. Moniz via a religião apenas como um pano de fundo para a luta social, e não é essa a intenção de Walnice Galvão (debate historiográfico 1,5 pts). As normas da ABNT foram seguidas corretamente (Uso correto da ANT 2,0 pts). Com base nisso atribuímos ao grupo a nota 8,0.

Um comentário:

  1. Achei a avaliação bastante criteriosa e bem posicionada. Talvez seja importante ponderarmos com mais cuidado a escrita da resenha, a apresentação dos seminários em sala e os debates que geraram. Acho que o comentário acima soube separar os diferentes momentos, e isso é importante.

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